Leiam até ao fim...
Esta foto anda a rodar na Internet já à algum tempo, já a vi em vários sites e quase todos eles a gozarem com o facto de um preto (é essa a cor dele não é? a mim também não chamariam claro, mas sim branco) usar uma t-shirt com uma suástica estampada.
Este gozo todo sinceramente à primeira vista faz toda a lógica, no entanto, e não sabendo o grau de cultura do indivíduo em causa, quem pode estar a gozar com muita gente ao ler os seus comentários é ele devido a razões que já vou explicar, até porque admito que a Suástica é um símbolo que me fascina e como tal tenho alguns conhecimentos sobre ele e sobre o que representa na verdade...
Digam-me, muita gente gosta do símbolo da Shell, que até é o logotipo mais valioso do Mundo (sim mais do que o da CoCa-CoLa), se agora a Al-Qaeda (por ex.) começasse a usar simbolos da Shell nas suas vestes isso tornava o simbolo um factor de ódio !? Acho que não... Mas aqui fica a verdadeira história sobre a suástica e porque é que não se deve gozar imediatamente com a fotografia, ou odiar quem a exiba...
Antes do Partido Nazi adoptar a suástica e transformá-la num dos maiores ícones do ódio racial, ela atravessou o mundo como um símbolo de boa sorte. Era conhecida na França, Alemanha, Grã-Bretanha, Escandinávia, China, Japão, Índia e nos Estados Unidos. Costumava-se dizer que as pegadas do Buda eram suásticas. Cobertores dos índios navajos eram tecidos com suásticas. Sinagogas no Norte da África, na Palestina e em Hartford, Connecticut, foram construídas com mosaicos de suásticas.
O nome suástica vem da palavra em sânscrito svastika, que significa bem-estar e boa fortuna. As mais antigas suásticas conhecidas datam de 2.500 ou 3.000 A. C. na Índia e na Ásia Central. Um estudo de 1933 sugere que a suástica migrou da Índia, cruzou a Pérsia e a Ásia Menor até a Grécia, depois seguindo para a Itália e em seguida para a Alemanha, provavelmente no primeiro milénio A. C.
O elo fatal foi feito pelo arqueólogo alemão Heinrich Schliemann. De 1871 a 1875, Schliemann escavou o local da cidade de Tróia, dos tempos de Homero, na costa do estreito de Dardanelos. Quando ele encontrou artefatos com suásticas, ele rapidamente associou-as com as suásticas que tinha visto nas proximidades do Rio Oder na Alemanha. Steven Heller, director de arte do The New York Times Book Review, escreve em "The Swastika: Symbol Beyond Redemption" (a suástica: símbolo além da redenção): "Schliemann presumiu que a suástica era um símbolo religioso de seus ancestrais alemães, que ligava os antigos teutões, a Grécia de Homero e a Índia védica".
Logo as suásticas estavam por toda a parte, rodando tanto no sentido horário quanto no anti-horário. Madame Blavatsky, a fundadora da Sociedade Teosófica, incluiu a suástica no selo da sociedade. "Rudyard Kipling combinou a suástica com sua assinatura num círculo como um logo pessoal", informa Heller. E a suástica fazia parte do logo do movimento Bauhaus, sob Paul Klee.
A suástica também se espalhou até os Estados Unidos. A Coca-Cola lançou um pingente de suástica. A cerveja Carlsberg gravou suásticas nas suas garrafas. Durante a Primeira Guerra Mundial, a 45ª Divisão de Infantaria americana usava uma suástica laranja como um emblema no ombro. Pelo menos uma linha ferroviária possuía suásticas em alguns dos seus vagões. O Girlâ?Ts Club publicou uma revista chamada The Swastika (a suástica). E até 1940, os escuteiros distribuíam um distintivo de suástica.
Como os nazis se apoderaram dele? Segundo Heller, a ordem Germanen, um grupo anti-semita que usava capacetes com chifres de Wotan e tramava "contra os elementos judeus na vida alemã", usava como insígnia uma suástica curvada numa cruz. Em 1914, o Wandervogel, um movimento juvenil alemão, transformou-o no seu emblema nacionalista.
O Partido Nazi não se apossou dela até por volta de 1920. No seu livro "Mein Kampf", Hitler, que tinha aspirações artísticas tanto quanto políticas, descreveu "sua luta para encontrar o símbolo perfeito para o partido". Ele entreteu-se com a ideia de usar as suásticas. Mas foi Friedrich Krohn, um dentista de Starnberg, quem desenhou a bandeira com a suástica preta em seu centro. "A maior contribuição de Hitler", escreve Heller, "foi inverter a direção da suástica" para que ela parecesse girar no sentido horário.
Será que importa o facto das suásticas terem representado a ignorância e o ódio e serem reabilitadas como símbolo? Claro que sim, diz Heller: "Os ícones nazis foram fortes o suficiente para seduzir uma nação, e ainda contém um poder gráfico que pode ser liberado hoje".
1 comentário:
Era publicidade (no caso propaganda mesmo) de uma loja que vendia jeans na Índia. Mas os neonazistas brasileiros aceitam pretos como membros; desde q "puros" e não em posição de comando. A Globo fez uma reportagem sobre o grupo nazista do paulista Ricardo Barollo (acusado de mandante de assassinato) e sua Neuland, a polícia encontrou lista de simpatizantes com nome de 2 deputados RJ e SP na lista, mas não revelou quais.
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