Luz do Sameiro
Este nome já deve passar ao lado de muito poucas pessoas após os 5 dias em que esteve encalhado no areal.
Recorde-se que do naufrágio do Luz do Sameiro, de Vila do Conde, apenas se registou um sobrevivente enquanto outras 7 pessoas perderam a sua vida, e ao momento em que escrevo este artigo, 3 continuam desaparecidas após já se ter verificado que não se encontram nem dentro da embarcação, nem presos a nenhuma das redes que circundavam a mesma.
É complicado observar um naufrágio e acredito que seja mais ainda quando o naufrágio se dá a cerca de 30 ou 50 metros da costa, não faltaram por isso logo vozes exaltadas numa busca desesperada por um bode expiatório e alguém que culpar.
Não questiono que com o nosso tamanho de costa precisássemos talvez de mais meios marítimos para este tipo de situações, mas quando os Governos querem aumentar os fundos para a Marinha a opinião pública pensa que ela só serve em casos de guerra e logo se manifestam contra, embora nestes casos não seja apenas a Marinha a actuar.
O que no meio de uma situação lamentável como esta, me dá alguma "vontade de rir" pela hironia e até alguma hipocrisia da situação é o facto de agora os pescadores terem elaborado uma lista de pedidos que, dizem eles, vão entregar em mão ao PM e ao PR. Desculpem mas tenho de me rir, e tenho de me rir porque grande parte dos pedidos são absurdos, tenho de me rir porque estas pessoas julgam-se agora mais importantes do que realmente são ao ponto de julgarem que são prioritários ao País e que PR e PM iriam imediatamente recebê-los, e tenho que me rir quando o armador da embarcação, que até já tinha visto outra com o mesmo nome mas em madeira a ir ao fundo em 1999 (na altura foram todos resgatados), nunca durante este tempo todo ter mencionado o facto de nenhum dos pescadores ter o seu colete de salva vidas colocado, o facto de estarem a pescar numa zona proíbida (além de perigosa) para aquele tipo de embarcação, e que, pelos vistos e por relatos de outros pescadores, era practica comum para o "Luz do Sameiro".
O que pretendo dizer com isto é que é muito fácil apontar o dedo à pessoa ao lado, queixar-se e ir chorar para a Praia, mas quando procuravam apenas mais lucro mesmo que isso implicasse quebrar regras e arriscar mais do que se deve, nunca pensaram que caso as coisas corressem mal as culpas seriam no caso sobretudo deles.
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