Zona da memória no cérebro também permite imaginar futuro
As regiões do cérebro relacionadas com a memória e com a habilidade para recordar imagens vividas em experiências passadas também permitem a cada pessoa projectar o futuro, revela um estudo da Universidade de Washington.
Para este estudo, divulgado na publicação online de Janeiro da revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, os investigadores da Washington University in Saint Louis usaram técnicas de ressonância magnética para obter imagens latentes no cérebro e mostrar que recordar o passado e visionar o futuro são processos que funcionam em padrões similares, precisamente nas mesmas regiões do cérebro.
Os autores salientam que a habilidade do ser humano para recordar experiências do passado é estudada há mais de cem anos, mas até recentemente têm sido poucas as pesquisas sobre os processos cognitivos que permitem outras formas de atravessar o tempo com a mente, como a habilidade de se imaginar ou de se «ver claramente» a participar num evento futuro.
«No nosso dia-a-dia, gastamos provavelmente mais tempo a projectar o que iremos fazer no dia seguinte ou mais tarde do que a recordar, mas pouco é sabido acerca de como damos forma a essas imagens mentais sobre o futuro», disse Karl Szpunar, autor do estudo e aluno de doutoramento em psicologia da Universidade de Washington.
«As nossas descobertas sustentam a ideia de que a memória e o futuro do pensamento estão altamente relacionados e ajudam a explicar por que é que o pensamento sobre o futuro pode ser impossível sem memórias», acrescentou.
O estudo permite começar a compreender como a mente humana confia na recolha de dados vividos em experiências anteriores para se preparar para desafios futuros, sugerindo que visionar o futuro pode ser um pré-requisito essencial para muitos processos de planeamento.
No estudo, os investigadores usaram técnicas de ressonância magnética para captar os padrões de actividade do cérebro de estudantes universitários aos quais eram dados 10 segundos para revelar uma imagem mental viva acerca de si próprio ou de uma celebridade famosa a participar numa escala de experiências comuns da vida.
Aos participantes foi pedido que recordassem dados sobre o passado, tais como ficar perdido, passar tempo com um amigo ou ir a uma festa de aniversário, que se vissem a si próprios a experienciar tais actos no futuro ou para retratarem uma celebridade, tal como o ex-presidente norte-americano Bill Clinton, a participar nestes eventos.
Comparando imagens da actividade do cérebro em resposta às sugestões de determinado evento como uma recordação ou uma projecção futura, os investigadores encontraram uma sobreposição completa entre as regiões do cérebro usadas para recordar o passado e aquelas que são usadas para imaginar o futuro - cada região envolvida na recordação do passado foi usada também no visionamento do futuro.
Por outro lado, estas redes neurais associadas ao tempo mental pessoal mostraram significativamente menos actividade quando os participantes imaginaram cenários a envolver o ex-presidente norte-americano Bill Clinton.
Os investigadores sugerem que isto ocorreu porque os participantes não tiveram nenhuma memória pessoal de interacção directa com Clinton e, assim, todas as imagens dele derivaram das redes neurais responsáveis pela memória semântica, que apresentam a cultura geral de cada um acerca do mundo, tendo os participantes relatado que as imagens mentais que tinham do ex-presidente norte-americano «eram menos vivas».
Kathleen McDermott, investigadora do Laboratório da Memória e da Cognição da Universidade de Washington e colaboradora nesta investigação, salienta que o estudo é importante porque demonstra que a rede de neurónios que tem subjacente o pensamento futuro não está isolada no córtex frontal do cérebro, como alguns especulam.
Em segundo lugar, segundo McDermott, os padrões de actividades dentro desta rede neural sugerem que os contextos espacial e visual do futuro que imaginamos é muitas vezes uma manta de retalhos conseguida através do ajuste das nossas experiências passadas similares, incluindo memórias de movimentos específicos do corpo e de mudanças de perspectivas visuais.
«Os resultados deste estudo oferecem uma tentativa de resposta a questões acerca da utilidade evolucionária da memória», conclui McDermott, acrescentando que «pode ser que a razão pela qual nós podemos recordar o nosso passado ao detalhe seja a de que esta série de processos é importante para podermos visionar os cenários futuros».
Para este estudo, divulgado na publicação online de Janeiro da revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, os investigadores da Washington University in Saint Louis usaram técnicas de ressonância magnética para obter imagens latentes no cérebro e mostrar que recordar o passado e visionar o futuro são processos que funcionam em padrões similares, precisamente nas mesmas regiões do cérebro.
Os autores salientam que a habilidade do ser humano para recordar experiências do passado é estudada há mais de cem anos, mas até recentemente têm sido poucas as pesquisas sobre os processos cognitivos que permitem outras formas de atravessar o tempo com a mente, como a habilidade de se imaginar ou de se «ver claramente» a participar num evento futuro.
«No nosso dia-a-dia, gastamos provavelmente mais tempo a projectar o que iremos fazer no dia seguinte ou mais tarde do que a recordar, mas pouco é sabido acerca de como damos forma a essas imagens mentais sobre o futuro», disse Karl Szpunar, autor do estudo e aluno de doutoramento em psicologia da Universidade de Washington.
«As nossas descobertas sustentam a ideia de que a memória e o futuro do pensamento estão altamente relacionados e ajudam a explicar por que é que o pensamento sobre o futuro pode ser impossível sem memórias», acrescentou.
O estudo permite começar a compreender como a mente humana confia na recolha de dados vividos em experiências anteriores para se preparar para desafios futuros, sugerindo que visionar o futuro pode ser um pré-requisito essencial para muitos processos de planeamento.
No estudo, os investigadores usaram técnicas de ressonância magnética para captar os padrões de actividade do cérebro de estudantes universitários aos quais eram dados 10 segundos para revelar uma imagem mental viva acerca de si próprio ou de uma celebridade famosa a participar numa escala de experiências comuns da vida.
Aos participantes foi pedido que recordassem dados sobre o passado, tais como ficar perdido, passar tempo com um amigo ou ir a uma festa de aniversário, que se vissem a si próprios a experienciar tais actos no futuro ou para retratarem uma celebridade, tal como o ex-presidente norte-americano Bill Clinton, a participar nestes eventos.
Comparando imagens da actividade do cérebro em resposta às sugestões de determinado evento como uma recordação ou uma projecção futura, os investigadores encontraram uma sobreposição completa entre as regiões do cérebro usadas para recordar o passado e aquelas que são usadas para imaginar o futuro - cada região envolvida na recordação do passado foi usada também no visionamento do futuro.
Por outro lado, estas redes neurais associadas ao tempo mental pessoal mostraram significativamente menos actividade quando os participantes imaginaram cenários a envolver o ex-presidente norte-americano Bill Clinton.
Os investigadores sugerem que isto ocorreu porque os participantes não tiveram nenhuma memória pessoal de interacção directa com Clinton e, assim, todas as imagens dele derivaram das redes neurais responsáveis pela memória semântica, que apresentam a cultura geral de cada um acerca do mundo, tendo os participantes relatado que as imagens mentais que tinham do ex-presidente norte-americano «eram menos vivas».
Kathleen McDermott, investigadora do Laboratório da Memória e da Cognição da Universidade de Washington e colaboradora nesta investigação, salienta que o estudo é importante porque demonstra que a rede de neurónios que tem subjacente o pensamento futuro não está isolada no córtex frontal do cérebro, como alguns especulam.
Em segundo lugar, segundo McDermott, os padrões de actividades dentro desta rede neural sugerem que os contextos espacial e visual do futuro que imaginamos é muitas vezes uma manta de retalhos conseguida através do ajuste das nossas experiências passadas similares, incluindo memórias de movimentos específicos do corpo e de mudanças de perspectivas visuais.
«Os resultados deste estudo oferecem uma tentativa de resposta a questões acerca da utilidade evolucionária da memória», conclui McDermott, acrescentando que «pode ser que a razão pela qual nós podemos recordar o nosso passado ao detalhe seja a de que esta série de processos é importante para podermos visionar os cenários futuros».
Diário Digital / Lusa
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